É difícil pensar em um motivo pelo qual uma série como Saint Seiya tenha gerado tantos fãs em detrimento de outras com condições iguais.
Mais difícil ainda é alguém falar de anime e mangá no ocidente e não falar de Saint Seiya, que tornou-se um ícone do “gênero”. O fato é que até os japoneses se sentem um pouco desorientados com o imenso sucesso que a série fez no Ocidente.
20 anos após sua criação, a milionária franquia Saint Seiya ainda está viva e quente nos corações dos fãs. É certo que o grande número de repetições e a imensa quantidade de produtos relacionados a série tiveram sua contribuição para tal.
Tudo isso começou na década de 90, quando Saint Seiya foi exibido no ocidente, juntamente com outras séries como Dragon Ball e Sailor Moon.
No entanto os anos passam, é normal que os fãs, ficando cada vez mais maduros, percam o gosto por animes e mangás, mas por Saint Seiya não!
Para os fãs de Seiya e companhia, a obra de Masami Kurumada não foi uma simples paixão de verão, é um amor verdadeiro e eterno.
O começo de tudo...
Aos 32 anos, Masami Kurumada poderia se considerar um mangaka de sucesso. Desde os 19, publicava seus trabalhos na famosa editora Shueisha, do Japão. Era reconhecido graças ao sucesso de seu trabalho com Ring ni Kakero. O que ninguém imaginava, é que tudo isso era apenas a cereja do bolo se comparado ao que ele ainda venderia e ao sucesso que obteria mais tarde com a sua obra seguinte, Saint Seiya. O trabalho em questão levantou a revista Shonen Jump, até então conhecida pela publicação de mangás emblemáticos como Captain Tsubasa ou o próprio Ring ni Kakero. A revista chamou a atenção do público de imediato, graças a particular mistura que Saint Seiya proporcionava: mitologias, lutas, lágrimas, sangue, lições de vida, astronomia e uma grande “coleção de personagens”.
O sucesso foi tão grande, que poucos meses depois, a poderosa produtora Toei Animation e o canal TV Asashi converteram o mangá em anime.
A arrancada do anime e o seu triste “fim”...
A série animada arrancou com tudo no Japão. Tanto é verdade, que haviam sido planejados apenas 52 episódios, no entanto ao final do primeiro arco argumental (Saga do Santuário), já tinham sido produzidos 73 episódios, devido ao sucesso, é claro. Porém nem tudo caminhou com fidelidade ao mangá e surgiram os sempre odiados “fillers”, que no caso de Saint Seiya, extenderam-se por longos 26 episódios. Digo, a totalidade da segunda saga, a de Asgard, a qual foi baseada em um único capítulo do mangá, publicado no final do tomo 13. Isso sem contar com os outros adicionados no meio de algumas sagas. Para desgraça de boa parte dos fãs, era exibido apenas 1 episódio por semana, ou seja, foram 6 meses de fillers criados pelo staff do anime e que não sairam da mente do mestre Masami Kurumada.
Os “fillers” deixaram os fãs de Saint Seiya tão impacientes, que quando a Saga de Poseidon foi produzida, já era impossível recuperar a audiência. Resultado: foram produzidos apenas mais 15 episódios e Saint Seiya se despediu da televisão japonesa totalizando 114 episódios, em 1989.
A tristeza tomou conta do coração dos mais fanáticos, pois após a Saga de Poseidon, viria a melhor fase de Saint Seiya, a Saga de Hades. A notícia de que a Saga de Hades não seria convertida em anime caiu como uma bomba, mas os fãs, assim como os protagonistas da série, não se deram por vencido e fizeram uma comovente campanha a favor da animação da saga. Os fãs falaram com o coração, mas os empresários contestaram com o bolso.
O mangá seguiu o seu curso e se despediu em 1991, finalizando uma compilação de 28 tomos (apressados pelo editor de Masami Kurumada).
Vale ressaltar que entre 1987 e 1989, quatro “movies” de Saint Seiya estreiaram nos cinemas, com diversas aventuras (nenhuma criada por Kurumada) de Seiya e companhia.
Pouco a pouco, a estrela de Saint Seiya começou a se apagar na sua terra natal, no entanto o brilho começava a aparecer no resto do mundo.
Do Japão para o mundo!
Raramente, seria França o primeiro país do planeta fora do arquipélago nipônico a conhecer uma série e digo raramente porque o resto dos países do sudeste asiático (Indonésia, Hong Kong, etc) são os que, em geral e lógicamente, recebem primeiro grande parte dos animes produzidos no Japão. Enfim, “Les Chevaliers du Zodiaque” estreiou nas televisões francesas em 1988 – quase que simultaneamente ao Japão – e seu sucesso foi imediato, iniciando uma adoração imensa, que está intacta até os dias de hoje, entre seus milhares de fanáticos.
Da França, a série foi para a Itália em 1990 com o nome de I Cavalieri dello Zodiaco e logo para a Espanha com a familiar denominação de Los Caballeros del Zodiaco.
A série desembarcar na América Latina era uma questão de tempo. Em 1992, ela foi dublada rapidamente e transmitida no México. Em 1994 seria a vez do Brasil: Os Cavaleiros do Zodíaco aterrizaram na extinta Rede Manchete de Televisão, dublada em português pelos estúdios da também extinta Gota Mágica. Conscientemente ou inconscientemente, esse pessoal estava fazendo história. Em 1995, Los Caballeros del Zodiaco foram parar na terras de nossos hermanos Argentinos, pela rede de televisão ATC.
Vale lembrar que em 1995, o movie “A Lenda dos Defensores de Atena” estreiou nos cinemas brasileiros com o nome de “Os Cavaleiros do Zodíaco – O Filme”, enchendo as salas de cinema do país e gerando filas imensas antes de todas as sessões.
Ahhh, que saudades dessa época.
O NOVO MILÊNIO
Finalmente, no novo milênio, a empresa Toei Animation entrou em contato com o mestre Masami Kurumada, propondo a conversão da Saga de Hades em anime. Nada mais justo, pois o coração dos fãs ainda batia com intensidade pela série, durante os 13 anos de espera. A Saga de Hades iniciou oficialmente no final de 2002, no formato OVA. Ela foi dividida em três partes: Capítulo Santuário, Capítulo Inferno e Capítulo Elísios, que foram exibidas com grandes intervalos de tempo entre elas. O desfecho se deu no primeiro semestre de 2008. No entanto, após o Capítulo Santuário ser exibido com grande sucesso e antes do início do Capítulo Inferno, foi produzido um filme para os cinemas, entitulado: Prólogo do Céu.
Em Saint Seiya, nada é definitivo e o fim da Saga de Hades não seria diferente. Atualmente, Masami Kurumada trabalha na continuação canônica de sua obra clássica, uma nova continuação de Saint Seiya em mangá, entitulada: NEXT DIMENSION – O Mito de Hades. Além disso, existem dois mangás spin-off em circulação: The Lost Canvas e Episódio G.
É questão de tempo para que alguma empresa de porte resolva converter a continuação clássica do mangá em anime e faça mais uma vez a alegria dos fãs em todo o mundo.
VIDA LONGA AOS VALOROSOS CAVALEIROS DE ATENA!